quinta-feira, 12 de abril de 2007

O mistério do Homem



Um homem alegre é muito bom. Com ele se passam noites adoráveis e fins de semana inesquecíveis; mas, para
gostar mesmo, é preciso que exista no fundo de seus olhos uma certa melancolia, um certo msitério. Não há nada mais
apaixonantes do que aquele homem que de repente, no meio de uma festa fica com o olhar perdido, em outra realidade. Aí
começa o verdadeiro interesse: por onde andarão seus pensamentos? Não pergunte, para não obrigá-lo a mentir. As mais
ciumentas poderão imaginar que ele está pensando em outra mulher. Mas não: ele está no próprio universo, sem ver as
bonitonas - incluindo você - distante de tudo. Homens assim viveram e sofreram, o que faz deles pessoas diferentes.
Sinceramente: é possível conviver com um homem que acha que a vida é sempre uma canção? Até dá, ams só durante um
almoço de sábado, o que não dá é para se apaixonar. Suponha que você conheça alguém muito interessante. Se isso acontecer
no verão, ele terá o direito de ser um pouco mais alegre do que se espera de um homem. Poderá dar umas risadas e dizer
certas bobagens, mas sem exageros; contar piadas, nem pensar. Com a temperatura acima dos 35 graus a permissividade
aumenta, mas, se esse encontro se der no inverno, os procedimentos deverão ser mais cautelosos. Ninguém suporta um homem
que ri o tempo todo. Também não estamos falando daqueles que tradicionalmente acordam de mal humor, esses só matando.
Mas um homem precisa ter um mundo só dele, ao qual ninguém tenha acessso, nem você. Para usar um termo bem bora de
moda, ele não deve estar na sua, e sim na dele. Isso significa que ele deixará claro - sem que uma só palavra seja dita - que é capaz de sobreviver a tudo, até a sua
falta. E, se isso acontecer, ele não dará vexame. Um homem na dele é um homem que encontrou seu equilíbrio mais profundo,
por que já sofreu; e só quem já sofreu sabe que conseguirá, sempre, sobreviver. Mesmo que ele embarque no mais lindo
veleiro, com as mais lindas mulheres, no seu olhaer sempre haverá um certo desencanto, típico dos que não tem mais ilusões;
Cuidado: dificilmente você conseguirá chegar ao fundo do coração de um homem desses. Mas tudo é possível, e se um dia isso
acontecer, prepare-se para viver um grande amor. Não será desses amores cheios de glamour e gargalhadas; será um momento
mais contido, em que você pensará menos em sedução e mais em sentimentos. Não haverá tempo para comprar vestidos novos
e sandálias plataformas; talvez vocês comprem um gato e um aquário com um peixinho dourado e passem horas olhando essas
duas obras de arte da natureza. Os dias será mais silenciosos, e o telefone vai tocar menos, aos poucos os amigos irão se
afastando, mas alguém precisa de amigos nessa hora? Vocês irão à feira juntos e acharão maravilhoso. Mas um dia você vai
acordar com vontade de ir almoçar fora - sem ele - e tomar duas ou três caipirinhas. É o início do fim, e ele vai perceber. Vai
perceber e você vai sofrer, sabendo que aqueles foram os melhores tempos de sua vida. Mesmo assim, será inútil chorar ou
pedir para ele ficar. Deixe-o ir antes que seja tarde ( e você sabe do que estou falando). Ou pensava que um amor desses
pudesse ser eterno?


Fonte: Leão, Danuza. Conversa com Danuza: O mistério do Homem. Revista Cláudia. São Paulo, SP. Ano 46, n. 4, Abril
2007. p. 24



Eu estava lá na sala, e vi essa Revistas Cláudia em cima da mesa, do nada resolvi folear: acreditem ou não, não tenho o costume de ler essa revista. Hoje me dei a esse "luxo", e foi bem interessante. Achei essa trecho do livro da cronista Danuza Leão, e percebi que algumas coisas tem sentido: o interesse, o olhar "perdido" de alguns homens, a ausência de palavras e a necessidade de que os homens, ou não só eles mas também ele, têm de possuirem um mundo só seu, sem que ninguém os perturbe; acho que já até escrevi algo sobre individualidade aqui no blog. O homem que Danuza descreve merece ser analizado com mais cautela que simplesmente num aspecto genérico: conversa e cumplicidade são duas de uma porção de coisas que não se pode deixar faltar, afinal, um relacionamento não acaba de um dia para o outro: é uma seqüencia de atitudes [ou a falta delas] que fazem com que ele sem desgaste. Rotina ou comodismo podem acabar com um relacionamento? Talvez...Não existe uma aparelho que se meça a intensidade dos seus sentimentos em relação a alguém, você simplesmente sente, e quando se gosta ou se ama, acredito eu, que não existe a rotina; sempre é bom ter ao lado, sempre é bom ter aquela saudade gostosa e aquela certeza de que a cada vez que você revê a pessoa o sentimento se renova. Bem, acho que coloquei parte das coisas que concordei ou discordei ao ler esse artigo, mas acho que faltaram algumas coisas, até por que eu não sou a "bambambam" ou "sabe-tudo" dos relacionamentos, caso fosse, largaria o Direito e viraria consultora de relacionamentos [risos].
Caríssimos, tenham uma ótima noite e um bom começo de final de semana.
Beijos e Abraços

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